Stig Dagerman nos obriga a colocar em dúvida as verdades recebidas e a nos olharmos no espelho, como indivíduos, como sociedade, mas sobretudo como seres humanos. Rebelde à injustiça em todas suas formas de manifestação, sua obra preserva uma forte atualidade, assim como sua reflexão política e cultural. A essa faceta do grande autor sueco é dedicada essa antologia de escritos publicados em jornais e revistas literárias e anárquicas. Com uma surpreendente capacidade de ler o próprio tempo e prever o nosso, com sua coerência extrema, Dagerman denuncia as "gaiolas" da moderna democracia, mas sobretudo reivindica o papel da literatura "de mostrar o significado da liberdade", de provocar as consciências para resgatar o homem e seus valores fundamentais: a igualdade, a defesa dos mais fracos, a solidariedade. E confessa seu conflito de escritor dividido entre o empenho social e a inviolável autonomia da imaginação, que deve seguir livremente os próprios caminhos para "tocar o coração do mundo". Se a política é definida como a arte do possível, isto é, dos limites, do compromisso, da renúncia à esperança, Dagerman defende com toda sua força a necessidade de uma "política do impossível".
;"Este primeiro volume da coleção Diminuta apresenta dois capítulos que integram Homo
Poeticus, antologia de não ficção do escritor iugoslavo Danilo KiS.
O ensaio de 1985 discorre sobre como a censura procura "destacar sua própria
legitimidade ao mesmo tempo que busca camuflar sua própria negação" e a respeito da natureza
da autocensura, que ele caracteriza como a "leitura do próprio texto com olhos alheios".
Já na entrevista que compõe o segundo, o autor trata, entre outras questões, de ideias
relativas à literatura moderna, ao crítico literário como leitor, ao domínio do estilo na escrita - "a
prosa começa bem onde cessa o recado" -, à biografia do escritor como palimpsesto e,
sobretudo, a alguns aspectos do pensamento de Sartre, escritor do qual KiS se sente próximo e
sobre o qual afirma que "está certo até quando erra".
"Censura/autocensura" e "Afinal, os livros servem para alguma coisa" trazem uma
amostra da eloquência e da engenhosidade já conhecidas das obras ficcionais desse que é um dos
maiores escritores da Europa Oriental."